terça-feira, 21 de junho de 2011

O Dom de Escrever

Duas das maiores dádivas que Deus nos concedeu são: o dom de escrever e o dom de ler. A Leitura é a captação/obtenção de conhecimento. A Escrita a transmissão. Essa dupla se caracteriza como um grande diálogo. Um diálogo que atravessa a História.

Leitura e Escrita, qual o mais simples? Na Escrita somos ativos, transmissores. Na Leitura somos passivos, receptores. Cada um tem seu charme. Escrever muito é diferente de ser um bom escritor. Ler muito é diferente de ser sábio.

Como se tornar um bom escritor? De que é feito um bom escritor? Seria um bom escritor o mesmo bom leitor? Para se escrever bem é necessário ler muito? Um bom escritor é bom escritor porque é mais sábio ou inteligente que os demais? Teria ele uma maior facilidade de organizar idéias? O “dom” da escrita seria, então, proveniente do cérebro? Será necessário um vocabulário farto? Seria tudo simples fato intelectual?

Trago comigo que o bom escritor seja aquele que tem o dom de transmitir sua alma, sua essência, seu sentimento, seu ser em letras e palavras. É mais que ondas eletro-magnéticas que passam por nossas cabeças e nos proporcionam movimentos. Trata-se daquele pequeno universo que existe em nós. Aquele pequeno, porém imenso e desconhecido universo que apesar de estar em nós ninguém nunca viu ou tocou, mas sabe que ele existe. Seria aquele Sopro, o Sopro Divino nas narinas de Adão.

Todas as pessoas tem história, tem gostos, tem sentidos e sentimentos. Todas estão aptas a escrever.

É-nos ensinado que para escrever devemos ter boa ortografia, escrita polida e extenso vocabulário. Sim, essas coisas são importantes, mas não são essências, são apenas instrumentos. O que é diferente de afirmar que não se deve escrever com vocabulário extenso ou da maneira padrão (norma culta) ou cortês. Mas o essencial é outra coisa: o Amor, a Paixão, o Sentimento.

“Mesmo que eu falasse a língua dos homens e dos anjos sem Amor eu nada seria” (1Cor, 13)

De que nos serve todos os instrumentos acima citados se não temos Amor, nem Paixão, nem Sentimento naquilo que transmitimos? Seria uma conversa vazia, sem alma, nem conteúdo. Lixo.

É o Amor, a Paixão, o Sentimento que fazem surgir grandes tramas, novelas, romances, suspenses, histórias, poemas, dramas, épicos, cartas, mensagens.

É o Amor, a Paixão, o Sentimento que fazem pessoas gastarem seu tempo para escrever as grandes e até as pequenas obras. Obras motivadas também pelo ódio, pelo desejo, pela inveja, avareza, ira, gula, luxúria, preguiça, vaidade. Sentimentos.

É o Amor, a Paixão, o Sentimento que fazem surgir livros de Física ou Matemática. Meu Deus, como pode alguém escrever esses tipos de livros? Mas eles têm tanto Sentimentos, tanto gosto nisso que se sentem motivados a transmitir aquilo que faz parte de suas vidas. Aquilo que é parte de suas vidas. Aquilo que é sua vida.

Mesmo que seja impossível materializarmos nosso universo em palavras, não, há palavras para descrever nosso universo, mesmo que seja somente minha alma, o bom escritor é aquele que mesmo sabendo da impossibilidade material de tal feito ainda assim tenta e se esforça para se transmitir a outrem.

Mesmo sabendo que cartas não são beijos, abraços, olhares, sorrisos ou peles, o bom escritor mesmo assim tenta. E mesmo que metafísicamente, espiritualmente, consegue, de maneira imperfeita se materializar e se fazer presente.

Bom escritor? Deve ter Amor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário