sábado, 31 de dezembro de 2011

John Lennon - Nobody Told Me




Todo o mundo está falando e ninguém diz uma palavra
Todo o mundo está fazendo amor e ninguém realmente se preocupa
Há Nazistas no banheiro debaixo dos degraus
Sempre há algo acontecendo e nada acontece
Sempre há algo cozinhando e nada na panela
Eles estão famintos lá na China então termine o que você tem
Ninguém me falou que haveria dias como estes
Ninguém me falou que haveria dias como estes
Ninguém me falou que haveria dias como estes
Dias realmente estranhos--dias realmente estranhos

Todos estão correndo e ninguém faz um movimento

Todos são vencedores e não há mais nada para perder
Há um pequeno ídolo amarelo ao norte de Katmandu
Todos estão voando e ninguém deixa o chão
Todos estão chorando e ninguém faz um som
Há um lugar para nós nos filmes você só precisa se deitar por aí

Ninguém me falou que haveria dias como estes

Ninguém me falou que haveria dias como estes
Ninguém me falou que haveria dias como estes
Dias realmente estranhos--mais estranho, mamãe

Todos estão fumando e ninguém está se sentindo no céu

Todos estão voando e nunca tocam o céu
Há um ÓVNI em cima de Nova Iorque e não estou muito surpreendido

Ninguém me falou que haveria dias como estes

Ninguém me falou que haveria dias como estes
Ninguém me falou que haveria dias como estes
Dias realmente estranhos--mais estranho, mamãe

O Verbo, A Luz, O Filho


No começo aquele que é a Palavra já existia. Ele estava com Deus e era Deus. Desde o princípio, a Palavra estava com Deus. Por meio da Palavra, Deus fez todas as coisas, e nada do que existe foi feito sem ela. A Palavra era a fonte da vida, e essa vida trouxe a luz para todas as pessoas. A luz brilha na escuridão, e a escuridão não conseguiu apagá-la.

Houve um homem chamado João, que foi enviado por Deus para falar a respeito da luz. Ele veio para que por meio dele todos pudessem ouvir a mensagem e crer nela. João não era a luz, mas veio para falar a respeito da luz, a luz verdadeira que veio ao mundo e ilumina todas as pessoas.

A Palavra estava no mundo, e por meio dela Deus fez o mundo, mas o mundo não a conheceu. Aquele que é a Palavra veio para o seu próprio país, mas o seu povo não o recebeu. Porém alguns creram nele e o receberam, e a estes ele deu o direito de se tornarem filhos de Deus. Eles não se tornaram filhos de Deus pelos meios naturais, isto é, não nasceram como nascem os filhos de um pai humano; o próprio Deus é quem foi o Pai deles.

A Palavra se tornou um ser humano e morou entre nós, cheia de amor e de verdade. E nós vimos a revelação da sua natureza divina, natureza que ele recebeu como Filho único do Pai.

João disse o seguinte a respeito de Jesus:
- Este é aquele de quem eu disse: "Ele vem depois de mim, mas é mais importante do que eu, pois antes de eu nascer ele já existia."
Porque todos nós temos sido abençoados com as riquezas do seu amor, com bênçãos e mais bênçãos. A lei foi dada por meio de Moisés, mas o amor e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo. Ninguém nunca viu Deus. Somente o Filho único, que é Deus e está ao lado do Pai, foi quem nos mostrou quem é Deus.

(Jo 1, 1-18)

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

O Alienista

Conto de Machado de Assis.

Algumas passagens interessantes:

"Deus engendrou o ovo, o ovo engendrou a espada, a espada engendrou Davi, Davi engendrou a púrpura, a púrpura engendrou o duque, o duque engendrou o marquês, o marquês engendrou o conde, que sou eu".

"E partiu a comitiva. Crispim Soares, ao tornar a casa, trazia os olhos entre as duas orelhas da besta ruana em que vinha montado; Simão Bacamarte alongava os seus pelo horizonte adiante, deixando ao cavalo a responsabilidade do regresso. Imagem vivaz do gênio e do vulgo! Um fita o presente, com todas as suas lágrimas e saudades, outro devassa o futuro com todas as suas auroras".

"A loucura, objeto dos meus estudos, era até agora uma ilha perdida no oceano da razão; começo a suspeitar que é um continente".

"Eis em que consistia este segundo uso (o de matraca). Contratava-se um homem, por um ou mais dias, para andar as ruas do povoado, com uma matraca na mão.

De quando em quando tocava a matraca, reunia-se gente, e ele anunciava o que lhe incumbiam, -- um remédio para sezões, umas terras lavradias, um soneto, um donativo eclesiástico, a melhor tesoura da vila, o mais belo discurso do ano, etc".

(Fecha/Cala a matraca!?)

"Suponho o espírito humano uma vasta concha, o meu fim, Sr. Soares, é ver se posso extrair a pérola, que é a razão; por outros termos, demarquemos definitivamente os limites da razão e da loucura. A razão é o perfeito equilíbrio de todas as faculdades; fora daí insânia, insânia e só insânia".

"Devia-se admitir como normal e exemplar o desequilíbrio das faculdades (mentais) e como hipóteses patológicas todos os casos em que aquele equilíbrio fosse ininterrupto".

De maneira alguma o conto se resume a isso.

Escolhemos momentos para ouvir certas músicas
E as interpretamos conforme nosso momento.

Com leituras se passa algo semelhante.
Conforme o momento que vivemos
Damos maior importância a determinadas passagens
E as interpretamos conforme nosso momento...

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Matraca


Feche a Matraca!!!
Cale a Matraca!!!

Expressão utilizada, de maneira rude/grossa ou bem-humorada para que alguém pare de falar, cale-se ou "cale a boca".

Matraca pode ser um instrumento para trabalhos agrícolas ou
Matraca também pode ser um instrumento que emite sons.

"Feche a Matraca!!!" está relacionada ao instrumento que emite sons.

Antigamente, antes de se inventarem os carros de som, para se anunciar algo importante, alguma oferta, por exemplo, pagava-se pessoas para andarem pelas ruas e vilas, fazendo barulho com suas matracas, para chamarem a atenção, para poderem anuncia aquilo que foram pagos
para anunciar.

"De quando em quando tocava a matraca, reunia-se gente, e ele anunciava o que lhe incumbiam, -- um remédio para sezões, umas terras lavradias, um soneto, um donativo eclesiástico, a melhor tesoura da vila, o mais belo discurso do ano, etc". (trecho do conto O Alienista, de Machado de Assis)

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Todo Cambia [2]

Mundo - Natureza

Como surgiu esse mundo?

Deus disse: "Faça-se o mundo" e assim se fez.



A ciência diz que houve um Big Bang, uma grande explosão que gerou um imenso universo que está até hoje em expansão...

Na geração desse universo gerou-se uma estrela. Ao redor dessa estrela há diversos planetas. Dentre esses planetas, o planeta Terra.

Esse planeta nasceu como uma bola de fogo ou rocha derretida
preza a uma órbita e voltada para dentro de sua gravidade. O calor foi se dissipando e essa esfera foi se solidificando. Os gases na atmosfera, em diversas reações químicas, geraram água que caia e se evaporava e também contribuíram para esfriamento da superfície do planeta.

Com o passar do tempo, e diversas reações químicas, formaram-se rios, lagos e oceanos. Fora possível o surgimento de diversas formas de vida: seres autótrofos, heterótrofos, aeróbicos e anaeróbicos.

autótrofos: produzem o próprio alimento. Ex.: plantas.
heterótrofos: alimentam-se de fontes externas. Ex.: mamíferos, algumas bactérias.
aeróbicos: seres que precisam de oxigênio. Ex.: mamíferos, fungos, plantas, algumas bactérias.
anaeróbicos: não necessitam de oxigênio. Ex.: algumas bactérias. alguns fungos.
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A incidência de raios solares, a ação dos diversos organismos que se formaram, as diversas interações químicas, a ação das águas, do calor e de erupções, causados pelas pressões internas do planeta, a força dos ventos (atmosfera) foram e são fatores de grande importância para as diversas mudanças e transformação do planeta.

A correnteza do rio transforma e desgasta a paisagem.
A planta que nasce, cresce, morre, apodrece, volta para terra se torna matéria orgânica para novas plantas.
A erupção vulcânica que cobre o céu transforma a terra.
O encontro de placas tectônicas geraram montanhas.

O mundo desde sempre com ou sem a participação do ser humano está em constante transformação. Criando-se. Destruindo-se. Reinventando-se.

Rios mudam de curso. Montanhas se desgastam. Florestas chegam ao clímax, mas por qualquer mudança no meio podem perdê-lo.

A mudança é um processo natural.

Todo Cambia [1]

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Ao Orgulho Viking


Vikings,

Encerramos mais uma batalha,
Dentre tantas travadas nesse período.
Lutamos bravamente.
Desgastamos nossos corpos e mentes.
Caímos. Levantamos e continuamos a lutar.
Vencemos e fomos derrotados,
Mas continuamos em pé e de cabeça erguida.

Em um braço, nossos escudos
N'outro, nosso machados.
No coração um espírito viking
Guiado pela força e a braveza de Thor.

A guerra continua.
Lutaremos até o final de nossas vidas
Para sermos dignos de adentrar os salões de Valhala.
Um lugar sagrado onde somente se permite a entrada e a estadia
Dos verdadeiros e valentes guerreiros.

Que a alma de macumbeiro nos dê paz, discernimento e serenidade.
Que o espírito viking nos dê força, gana e tenacidade.

Que Odin nos guie,
Para que não sejamos desencaminhados.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Um dia qualquer (Conto)


O homem comum não estava se sentindo bem naquele dia. Não era para menos, sua vida andava de pernas para o ar: as contas não paravam de aumentar, o patrão não parava de atormentá-lo, sua filha entrava na puberdade e a cada dia ficava mais descontrolada, e, o pior, andava a suspeitar que sua esposa estivesse a colocar um belo par de cornos em sua cabeça.

Antes, porém, nada disso parecia chateá-lo. Geralmente, quando sentia uma dor incômoda, uma pontinha de consciência, ia afogar suas mágoas na bebida ou nos tele noticiários. Aliás, isso, os tele noticiários, ele adorava. Adorava todo aquele sangue esguichando pela Tevê, o registro de mais um belo dia em nosso belo mundo. Indignava-se sempre com os bandidos diários: “Escória” - dizia-o-, “deviam ser todos mortos”.

Mas hoje as coisas estavam diferentes. Logo cedo, ao se barbear diante do espelho, percebera que os últimos fios de seu cabelo haviam caído. Isso o espantou tremendamente, perder aqueles fios era como perder a juventude em si. Ao olhar mais de perto, tinha a impressão de que em sua careca brilhante e lustrosa estava escrito ‘Fim de jogo’. Os bons tempos haviam acabado. O problema é que eles, os bons tempos, nem eram tão bons assim, só mais do mesmo, a rotina enfadonha embelecida pelos ares do tempo. E ele não havia conquistado nada, nada de relevante nesses anos que tinha vivido. Não era um dos bens sucedidos e inteligentes, era só mais um entre milhares, só mais um com uma passagem direta para o túmulo, e, enfim, o esquecimento.

O peso da idade sempre piora as coisas. Sentimo-nos alienados na solidão, buscamos algo que possa nos confortar, mas é difícil, pois fica tudo embasado, confuso.

O homem comum, este, certamente estava confuso. Na mesa do café da manhã tentou reanimar-se: “Vamos lá, homem” pensava “sua vida não é tão ruim. Apesar de pobre, ao menos tem uma família, alguém em que se possa apoiar, e, nos dias atuais, isso é algo. Veja só a sua filha, veja como é graciosa, e sua esposa, uma verdadeira santa”. 

Mas tudo o que via era uma mulher que não o amava e nem o conhecia, que o traía pelas costas, que o rejeitava profundamente. E quanto à menina, nunca a vira tão distante, um muro de gerações os separava, também não a conhecia.

Tentou engolir essa impressão e lá se foi para o trabalho. O trânsito estava caótico. Um mal das grandes cidades, sempre se demora em chegar a algum lugar, uma lástima. Chegara atrasado no trabalho, com isso teve que escutar poucas e boas de seu patrão. Ele, o patrão, bem novo, um desses que acabara de sair da faculdade, com todas as suas teorias administrativas decoradas, sempre tentando motivar os empregados com sua parca filosofia.

O chefe não tolerava atrasos e falta de comprometimento, em sua concepção, o empregado deveria dar o corpo e alma à empresa, o deus maior.

 Dava nos nervos do homem comum, toda aquela falação, o fato de ter que ser comandado por um “moleque”, como ele sempre o chamava pelas costas. E, apesar disso, o salário não era bom assim, o suficiente para sobreviver com sua família, e, quem sabe, no final de ano visitar os seus parentes no interior, e só. Odiava tudo aquilo, mas tentava não refletir.

Começou o trabalho. Sempre a digitar os gordos números no computador, já havia decorado há um bom tempo, chegava a fazer com perfeição. Ao ficar digitando durante àquelas horas, às vezes parecia que ele não existia mais, só uma sombra, só uma extensão da máquina. Desses tempos, até que gostava. Aquele vazio permitia-o não sentir nada.

Hoje não conseguia, não conseguia sentir o vácuo dentro de si, não conseguia concentrar-se. Aqueles fios de cabelo, aqueles fiozinhos patéticos que haviam renunciado, o destruíam por dentro.

O resultado foi que não fizera nada, procrastinara o tempo todo ao tentar evitar pensar nesse incômodo. Sua cabeça girava, a batalha estava sendo perdida. No meio do expediente pediu para ir embora, sua justificativa foi de que estava doente. Clássica. Funcionou, apesar do olhar torto do chefe.    

Pegou o carro, não sabia para onde ir. Casa? Não havia nada lá, nada que pudesse confortá-lo. Dirigiu sem direção. Parado, no meio do trânsito infernal, começou a olhar para o nada, para as coisas além da paisagem. E fez o que nenhum homem em sua situação deveria fazer, começou a pensar.

Não o pensamento ordinário, aquele no qual nos perguntamos o que iremos jantar esta noite ou o que faremos quando o final de semana chegar. Não, não aquele. O que ocorria em sua cabeça era algo muito profundo, entrava numa caverna desconhecida e escura.

Percebeu a gravidade da situação. Percebeu que provavelmente tinha uns bocados de anos pela frente com a mesma vida miserável, sempre tentando melhorar ao seu jeito, de maneira honesta e decente, e nunca tendo êxito. Porque os prêmios maiores não são para gente como ele, a divina e sagrada Sociedade não permitiria. Ela, com seu poder, o subjugara, sequer dera uma chance. Pobrezinho.

Parou numa praça qualquer. Sentado, começou a admirar o mundo ao redor. Parecia mais cansado do que o normal, uma imensa raiva o preenchia, e essa raiva se transformava em algo mais, uma força, uma resistência.

Neste momento, queria mudar de vida. Prometeu a si mesmo largar o emprego de merda, largar a sua mulher, aliás, diria àquela adúltera que sabia que ela o estava traindo, e iria tentar fazer alguma conexão com sua menina, ser um bom pai, arriscar, fazer o mundo tremer. Seria um desses sujeitos bem-sucedidos, não importando de que forma, um extraordinário, sim, ele seria, dane-se a idade, dane-se os fiozinhos toscos, ele não precisava disso, não mais. O fato de estar vivo já era mais do que o suficiente, percebia isso e um sorriso aparecia em seus lábios, um verdadeiro sorriso, provindo da expectativa de mudança.

Meditou por horas, até que resolveu observar o pôr do sol. O velho sol, já se indo, já morrendo, consumindo-se, mas ainda sim tentando emitir alguma luz, aquela melancólica luz das tardes que torna tudo rosado. Não demora muito e ele é engolido, engolido pelas trevas.

A mudança iria ocorrer, estava decidido, ao menos naquele momento estava. Nem que fosse à força, Deus não mais o desprezaria. Abriria o caminho às patadas, de peito aberto, em suma, um violador.

O celular toca. Aquele toque irritante típico desses aparelhinhos, nunca tinha parado para pensar, mas odiava eles, os celulares. Sua primeira reação foi a de não atender, não tinha paciência para aquilo. Mas os hábitos são sempre fortes, verdadeiras armadilhas, não conseguiu se segurar. Atendeu.

A esposa pede para pegar a filha na casa de uma amiga. O lugar parece longe. A noite cai depressa. Considerou esta sua última tarefa como homem comum. Amanhã, amanhã tudo estaria mudado.

E bota longe nisso! O engarrafamento o atrasou por horas, até que chegou ao seu destino final. Lugar feio, bem feio. Um desses bairros esquecidos das cidades, onde tudo acontece dia e noite e ninguém percebe.

Com tanta coisa passando por sua cabeça, esquecera o número do apartamento da amiga da filha, tentou ligar para mulher, para perguntar, mas ela não atendia. Resolveu andar pelos blocos, para ver se recordava. Tudo deserto, silencioso, miserável. Em sua caminhada, achou a porta de um apartamento aberta. Não tinha o costume de entrar sem ser convidado, mas uma força o atraiu para dentro.

Logo ao entrar, no chão encontrou uma mulher, embebida de sangue, retalhada, nua e morta. Estado de choque. Não sabe o que fazer. Decide por dar o fora dali. Sai correndo.
De repente, portas se abrem às suas costas, como mágica. Gente correndo e gritando. “Ele foi por ali”, escuta.

Ele chega até a rua. Pessoas o estão perseguindo. Sabe disso. Talvez devesse ir ao encontro delas, explicar a situação. Mas será, será que as pessoas iriam escutá-lo? Elas, geralmente, só entendem de uma linguagem, a da violência, esta, que é a verdadeira linguagem universal.

 Correu mais. Estava sendo alcançado. Era só chegar ao carro e fugir. Não estava longe.

“Assassino! Estuprador! Pega ele, pega ele!”

Em sua pressa, decidira por olhar para trás. Grande erro. Bem perto de suas fuças havia uma multidão espumante, clamando por sangue. Não ia desistir, não podia desistir. “Vai dar tudo certo, tudo certo”, pensava desesperadamente.

 Fôlego indo embora. Já não conseguia correr mais. O seu coração batia mais do que nunca. 
Um infarto, talvez? Pouco importa. Caiu ao chão, estafado, sem forças para prosseguir, derrotado. A turba cercou-se dele.

Tentou explicar, mas tudo o que saía de sua boca eram palavras vazias, grunhidos e depois o choro. Chorava como uma criancinha. Sentia-se culpado, não sabia o porquê, mas sentia-se culpado, isto o atordoava.

A multidão queria suas carnes. Um exército de homens e mulheres comuns ávidos por sacrifícios, um ritual, um ritual sagrado. Mesmo se tivessem a prova definitiva de que aquele pobre coitado fosse inocente, ainda teriam ido em frente com prazer. Assim como Jesus, aquele homem iria ser sacrificado por algo, sendo inocente ou não, era o necessário. Só que ao contrário de Cristo, ele não será glorificado por dois mil anos, não, com muita sorte talvez seja lembrado por um dia ou dois, irá levantar alguma indignação nacional e, quem sabe, um breve comentário apaixonado do apresentador obeso do jornaleco sensacionalista da tarde.

Ele não conseguia mais pensar, nosso homem já não tão comum. A dor era demais. Dá-lhe chutes daqui, chutes de lá, ofensas e pauladas.  E lá se ia seus sonhos, suas mudanças, com essas pauladas. Uma loucura. Rasgavam suas roupas.

Não demorou. O povo, que é a voz de Deus e dos homens, fez seu trabalho corretamente. Lá está ele agora, o homem, antes de ser recolhido, seu rosto expressa imensa decepção. Suas partes mutiladas, só para confirmar a castração de toda uma vida. No final das contas, estava amarrado a um pau, nu em pêlo, com a língua de fora, e em cima de sua cabeça uma placa rústica feita de papelão, e escrito numa letra mal-feita a palavra “Estrupador”.

O sofrimento ao menos havia acabado. É isso que importa: que o sofrimento acabe. Às vezes é bom se convencer disso, e, que, por mais que se tente, todas as opções são erradas.


domingo, 11 de dezembro de 2011

Riqueza

"Estais vendo tudo isso? Eu vos garanto que não ficará aqui pedra sobre pedra; tudo será destruído". (Mt 24, 2)

Vês a mansão?Vês o castelo?
Foram construídos por mãos humanas
Para a glória de nobres

Que têm seus nomes marcados na história.

Seus nomes permanecem
Suas glórias são cantadas durante os séculos,
Mas seus corpos já não existem...
O que lhes sobram são seus nomes




E suas obras...
Como seus corpos, suas obras
também desaparecerão.
O tempo é implacável

A pedra, caso não seja reformada, por mãos humanas,
Se desgastará e a bela construção se esfacelará...
Restará apenas o glorioso nome
Que existirá até quando houver quem o cante...



Assim é toda a riqueza
Assim é toda a pompa.
Como nesse mundo
Tudo terá um fim.
Até as montanhas se desgastam
Árvores são centenárias,
mas um dia
morrem..
Apodrecem...
Desaparecem...
E se tornam matéria de outras árvores...

Ideias tem longa vida

Carregadas na boca, na mente e nos dedos
Atravessam séculos
de seus entusiastas, seus guardiões.


Ideias surgem
Ideias se modificam
Ideias se perdem
Ideias renascem
Ideias são sinérgicas a este mundo...



Riquezas (concreto) são perecíveis
Ideias (abstrato) são semi-perecíveis (necessitam do concreto para existirem)


O som é a ideia,
Ideia não é luz.
O som se propaga pela matéria.
A luz não precisa de matéria para se propagar.
Não há matéria, não há som.

O dia em que o Sol resolver se explodir ou apagar

Não haverá mais riqueza, nem ideias...
Tudo é perecível...

Nada...

































Que Deus tenha piedade de minha alma...