quinta-feira, 29 de novembro de 2012

A História

A História...
Tende a persistir
E repetir-se
Sempre
E Sempre
Até que sua lição
Seja aprendida...









La Persistenscia de La Memoria
La Persistència de La Memòria

Tela do pintor catalão, Salvador Dalí, 1931

domingo, 25 de novembro de 2012

Árvore Brasileira



"O Brasil é lindo e a gente não vê". (Zezé di Camargo)
"Meu Brasil brasileiro" (Ary Barroso)
"Vejam essa maravilha de cenário: é um episódio relicário, que o artista num sonho genial, escolheu para o nosso carnaval" (Silas de Oliveira)
"Hoje só canto a saudade do folclores brasileiro" (Tonico & Tinoco)

Uma árvore de Natal enfeitada em pinheiro
É demasiado estilo estrangeiro
Nós que vivemos em região tropical
E batemos orgulhosos no peito
Gritando aos quatro ventos
“Eu sou brasileiro!”
Poderíamos fazer algo mais nacional
Enfeitando, por exemplo, coqueiros

Uma árvore que seja mais ao nosso jeito
Que seja enfeitada com símbolos brasileiros
Que seja carregada com referências a nossa
Deliciosa e apreciada culinária.
Essa árvore tem que caber também nossas
Maravilhosas e paradisíacas praias
Nossas loiras, nossas morenas, ruivas e mulatas.
Incluindo também a branca ou ‘marelada
A nossa cachaça “marvada”.

Uma árvore de carimbó e bola
Uma árvore de santos e samba
Uma árvore de capoeira e caipora,
Fluvial e pluvial. Fauna e flora.
Sertaneja.
Nossa bandeira.
A gente brasileira!

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Rio de Lágrimas: Força, Fraqueza e Renovação




"Porque o que se julga loucura de Deus é mais sábio do que os homens; e o que se julga fraqueza de Deus é mais forte do que os homens". (1Cor 1, 25)

"Mas Ele me  respondeu: 'Basta-te a minha graça, porque é na fraqueza que a força chega à perfeição'". (2Cor 12, 9)


Lágrimas que nascem no coração, lá dentro.
Lágrimas que escorrem pelos olhos como nascentes
E que vão lentamente se tornando água corrente
Fluindo pelo rosto, revelando o sentimento.

Lágrimas, as vezes rio de alegria, as vezes de tristeza
Podem carregar nossas decepções, agonias e amarguras
Que nos consomem inteiros caso as deixemos ocultas
E quando as revelamos nos são apontadas como fraquezas.

O rio purifica e modifica os lugares por onde passa.
O rio, por onde corre, fortalece e renova a vida
As lágrimas que brotam , do coração, entristecidas
Vazam pelos olhos em forma de água e purificam a alma.

E trazem nova vitalidade e renovam a beleza.
A alma que parecia rendida levanta-se do chão.
O que parecia ser o fim revela-se continuação
E o que era fraqueza renova-se em fortaleza.

domingo, 28 de outubro de 2012

Em Nome do Grande deus Odin



Em nome do grande deus Odin
Seguimos nosso caminho assim:
Com o machado em nossas mãos,
Nossos escudos resistentes,
Nossos espíritos valentes,
Em nossos corações a satisfação

De sermos orgulhosos guerreiros
E audazes aventureiros.
A desbravar terras distantes.
A navegar tenebrosos mares
Gritando aos ares
Nosso aterrorizante

Grito de guerra
Que s’espalha pela terra
Até aos seus confins.
Com nossos escudos resistentes,
Nossos espíritos valentes
Em nome do grande deus Odin.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Em busca da glória


Fizeram promessas
Me prometeram o paraíso
Entreguei meus sonhos
Ó vida, doce e amarga
Triste e feliz

Acabei em um campo de batalha
Companheiros encontrei, amigos nos tornamos!
E pelas batalhas travadas, sonhos foram perdidos
Tentaram abalar nosso espírito, mas nos fortaleceram!
Dentro da minha armadura um peito que não para de sangrar
Uma espada que não quero segurar, um escudo pesado e rachado.

No final da batalha vejo no horizonte o alvorecer do dia
Um alvorecer dourado e não mais sangrento.
Vejo meus amigos, lhes dou uma batida no ombro
Um ânimo surge, junto ao novo dia em que não mais nos curvaremos
Na luz dourada segue a comitiva, a caminho de seus sonhos!

                                                                                                    (Ricardo Zacarias)

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Dormindo acordado


Deixe-me aqui deitado!
Levantar pra quê?
Está tão bom dormindo,
Quando tudo passar

Chame-me de volta
Que eu acendo um cigarro

Dormir não faz mal,
Mantenho os olhos abertos
Pra ver, enxergar não!
Mas não se esqueça

Chame-me de volta
Que eu acendo um cigarro

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Esse é Nosso Portugal

Dominados pelos romanos.
Dominados pelos muçulmanos.
Sonhamos com um estado nacional
E com esta vista
Vencemos as Batalhas de Reconquista.
Esse é nosso Portugal!

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!


Um sonho expansivo,
Civilidade e cristianismo
Lançamo-nos às naus.
Vencemos o céu tempestuoso
E o mar tenebroso.
Esse é nosso Portugal!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.

Em terras dispersas,

Dominamos gentes diversas.
Ensinamos-lhes o Bem e o Mal.
Levamos a exploração,
Levamos a evolução.
Esse é nosso Portugal!

Quem quer passar além do Bojador

Tem que passar além da dor


Terra de herois lendários
E de poetas extraordinários,
O primor ocidental
O nosso Fado por Deus abençoado.
Gloriosos futuro, presente e passado.
Esse é nosso Portugal.
_____________________________________________________________________________________________

* Em itálico trechos do poema "Mar Português", do poeta lisboeta Fernando Pessoa.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Porque NÃO votar nulo.



Reza uma lenda que se a maioria ou uma determinada quantidade de eleitores votar nulo, novas eleições com novos candidatos deverão ser marcadas.

O que adianta termos novas eleições, com novos candidatos, se os partidos continuam os mesmos???

Cada povo tem o governo que merece. Se nossos políticos, se nosso governo é ruim (para não escrever outra coisa), isso nada mais é do que o reflexo de nós mesmos, como sociedade.

Votar nulo é ação de gente simplista, que ao invés de limpar a casa ou se preocupar com o zelo do lar, varre a sujeira para debaixo do tapete.

Existe muita gente o honesta. Porém, vale lembrar que política é jogo de poder. Poder corrompe.

Como agir, então? Fiscalizar, cobrar e re-eleger ou não.

sábado, 4 de agosto de 2012

Um cara normal.


  Fétido, sujo, repugnante. Sim, todos me veem como o tal. Não me lembro quando passaram a me julgar dessa maneira, lembro apenas de um tempo em que parei de frequentar os bares da vida, nenhuma beleza atraía-me mais, nenhum sonho vivo permanecia em meus pensamentos.
     Diziam que o meu mundo havia desmoronado, também diziam que eu estava doente, que deveria me animar para a vida e enfrentar os desafios que ela proporciona. Desafios? Asneiras! Nesse momento é que começaram a me colocar tais adjetivos: sujo, fétido, repugnante, eram assim que me chamavam.
     Hoje, todos os amigos de outrora estão casados, com filhos e se dizendo felizes, realizados, limpos. Pessoas que contribuem para algo. Já eu, prefiro não contribuir, prefiro não espalhar minhas más qualidades ao vento, prefiro apenas aceitar toda a minha sujeira, meu fedor, minha repugnância.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Cassino

Não estamos indo para lugar algum
Caminhando em estradas sem fim.
Por mais torturante que seja,
Por mais que as cartas já estejam marcadas

Insistimos,

Ainda temos esperança,
Esperança de...
Ganhar este jogo medíocre
Jogo de, jogo disso, jogo daquilo

Só mais um jogo...

Seria mais fácil se tu estivesses aqui,
Para jogar as cartas...
Mas o Jogo acabou, ninguém venceu...
Agora estamos todos aqui...
Jogando com as cartas de antes,

Apostando num futuro,
Mesmo sabendo que
Não estamos indo para lugar algum.


(Augusto Alves - Adriano Andrade)

De preto

Eu que cheguei de preto,
cheguei bem perto
tentando te trazer todas as cores...
e passei em branco.

Onírica


Seu sorriso estava tão lindo,
seus olhos por um breve instante alegres em me ver,
o singelo toque da sua pele na minha,
mesmo que sem mais paixão alguma
conseguiu me despertar desejos antes jamais desejados...
Talvez aquele breve momento, fosse o nosso último,
talvez o primeiro outra vez...
Só me resta acordar e perguntar ao universo:
o que é que Você quer de nós?
E aceitar o nosso destino...

Você...


A fumaça adentra meus pulmões de forma tão intensa,
tão intensa que até parece você,
que veio queimando até meu peito
e me deixou mais tranquilo...
Já não importa se isso me matará
porque me faz tão bem...
Tão bem que até parece você.
a fumaça adentra meus pulmões de forma tão intensa,
que embaça as paredes de vidro do meu peito
e revela seu nome escrito a dedo
bem acima do pedaço quebrado de vidro por onde você saiu,
por onde a fumaça entra...

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Aos Pés do Carvalho

"Depois o Senhor apareceu a Abraão junto ao carvalho de Mambré. Abraão estava sentado à entrada da tenda, no maior calor do dia. Levantando os olhos, viu parados perto dele três homens. Assim que os viu, saiu correndo a seu encontro e se prostou por terra. Disse assim: 'Meu Senhor, se ganhei tua amizade, peço-te que não prossigas viagem sem para junto a teu servo. Mandarei trazer um pouco de água para lavar vossos pés e descansareis debaixo da árvore. Trarei um pouco de pão para refazerdes as forças, antes de prosseguir viagem. Pois foi para isso mesmo que vos aproximastes de vosso servo'. Eles responderam: 'Faze como disseste'". (Gn 18, 1-5)

Aos pés do Carvalho, encontro minhas raízes
Dum passado bem distante, que nunca pensei que existisse
E me vem ao presente uma presença luminosa
trazendo-me luz, calor e energia nova.

A terra gera, a terra consome.
Nasce pera, cresce carvalho.
Gente aparece, gente some.
O Sol se levanta e seca o orvalho.

A semente cria raízes, a árvore cresce.
Crescem os ramos, que se fortalecem.
Vem a flor e em seguida os frutos.
Nas mãos de Deus a pertença do futuro.

E o tempo passa, seca galho, nasce ramo.
Os frutos geram sementes novas
E o Destino vai traçando e entrelaçando sues planos.
Deus vai escrevendo por linhas tortas.

E nos pés do Carvalho,com minha raiz de outra semente,
Re-encontro-me com meu passado, vivo no mesmo presente.
Quis o Destino, em determinado tempo, que nos separássemos
Para que, sabe-se lá Deus, nos encontrássemos.

A Energia elogiando a Luminosidade
Que sendo Faísca admirava-se pela Energia.
"Nada nesse mundo é por acaso". Eis uma Verdade.
"Tudo tem um sentido", o Sábio já dizia.



terça-feira, 12 de junho de 2012

Um dia desses.

Sentamos em meu sofá, ela estava com um ar alegre, aquele aspecto que se adquire depois de consumir certa quantidade de álcool. Conversamos um pouco sobre assuntos triviais, ela sorria muito, o assunto parecia agradá-la. Quando ela fitou-me diretamente nos olhos, observei todo o seu corpo sem sequer um pingo de vergonha, borbulhava sangue em minhas veias. Ela estava linda, vestia um vestido vermelho, apertado, estava bela como não poderia ser mais. Inclinei um pouco para beijar aqueles lábios cintilantes, ela se esquivou. Levei a para casa, nunca mais nos falamos.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Exílio (Conto)


Perdido em terras estranhas e hostis, encontrei-me de repente expurgado de qualquer lembrança de minha pátria mãe. Não só tinha esquecido as suas peculiaridades, como também tinha esquecido o seu nome, o nome do meu lar, o lugar em que passei a minha infância e o início de minha adolescência, estes, por sinal, também esquecidos.

A única coisa da qual me recordava eram as sombras, sombras do passado que insistiam em ficar na minha mente, reclamando a minha consciência, sendo mais reais que os homens da colônia, mais reais do que qualquer homem sobre a terra, sombras do velho mundo que só existiam para me lembrar que existia um velho mundo.

Quando fechava os olhos, às vezes via meu pai, ao menos parecia meu pai, tinha algo de mim dentro dele, uma sombra como todas as outras, sentado em frente a uma velha mesa, bebendo um vinho cor de sangue. Às vezes ele sorria para mim, um sorriso branco que ia de orelha a orelha, que contrastava com a sua forma negra, e em seguida ria efusivamente, um riso zombeteiro que ocupava todo o meu ser.

Em momentos de desespero ia à colônia procurar algum conforto. Tentava refugiar-me nas mamas rançosas das putas sifilíticas, mulheres exóticas, que não mais falavam, sequer sussurravam, que simplesmente abriam os braços e ofereciam seus amores a qualquer vagabundo com trocados. Estátuas de prazer e dor perdidas na eternidade desse lugar.

Após as minhas sessões com tais senhoras, geralmente ia tomar uma bebida. Os homens na taberna nunca notavam a minha presença, homens rudes, selvagens, nascidos do sol escaldante, da loucura ensandecida, demônios perdidos. Sempre os odiei, sempre odiei suas gargalhadas, seus cheiros nauseabundos, seus comportamentos humildes que só serviam para ocultar seus comportamentos violentos e corruptos.

No entanto nunca parava de observá-los, eu, sentado numa mesa distante, bebendo aguardente, e eles no outro extremo, em grupos, cantando, com suas vozes de bêbados desafinados, velhas canções, canções sobre mulheres vulgares e amores impossíveis. Cantavam aos berros como um coro maldito, isso até alguém começar uma briga, o que geralmente não demorava muito. Os motivos eram diversos: um olhar atravessado, uma palavra atrevida, uma dívida qualquer. Na realidade, não precisavam de motivos, começavam a brigar do nada: chutes, socos, facadas, o que tivessem à mão para atacar. E sempre tinham uma platéia aos júbilos, pedindo por mais, ansiando a morte de um dos envolvidos. Aquele abismo me atraía, não porque estivesse fascinado, mas sim porque me dava medo, e o medo me fazia sentir algo, apagava por alguns momentos as sombras que me atormentavam.

Por mais que tentasse, não conseguia achar a razão de minha aparente amnésia. Fazia tanto tempo que estava nesse lugar que tinha esquecido até mesmo de como tinha chegado até lá. Botei na cabeça que tinha sido expulso de minha terra, e não só tiraram a minha cidadania como também todas as minhas memórias daquele lugar, e por um descuido qualquer se esqueceram de apagar um vestígio, e esse vestígio eram as sombras. Quando pensava nisso, a cabeça doía, minhas pernas ficavam bambas e uma raiva incomensurável vinha até a mim.

Levei essa raiva comigo dia após dia, agüentando o meu inferninho pessoal, sempre a observar os absurdos do lugar, a violência calorosa, o abuso, o cheiro de bebida, cortadores de cana tendo suas costas castigadas pelo sol inclemente. Queria e precisava fugir.

Ruminei a possibilidade de suicídio, o último dos exílios, mas a minha religiosidade, que por sinal não havia desaparecido com a amnésia, não deixou que levasse o plano ao fim. A religião é algo gigantesca, te acompanha a todos os cantos da terra, te dá energia para continuar caminhando, dá a porção de mentira necessária e diária a todo ser humano que tem a pretensão de continuar vivendo. Claro, existem alternativas que te fornecem o mesmo, mas a religião é a mais poderosa, e tolo é aquele que diz que não precisamos dela. E a mentira que dei a mim mesmo é que havia outra solução.

 Por esses tempos as coisas começaram a ficar estranhas, os homens estavam inquietos, gritando mais do que o usual, agitados, esperando algo. A religião não servia de contento a eles, já a bebida era um combustível inebriante e letal que levava a colônia pouco a pouco à ruína. As autoridades locais agiram com o bom senso peculiar de gente de poder: começaram a espancar os baderneiros, coisa que de nada adiantava, pois esses homens nasceram apanhando e tudo o que sabiam fazer era bater de volta.

Não demorou muito para os poderosos e os pés rapados começarem a se matar. Numa tarde escutei o som de tiros e gritos. Dirigi-me à colônia com a esperança de ser morto e por fim ser libertado do meu exílio.

Corpos pelo chão, casas queimando, mulheres sendo violentadas, foi isso que vi por lá. Os homens morriam como moscas. Nada de mortes épicas e gloriosas, naquela época ainda acreditava nelas, graças aos poucos livros que li, nas mortes valorosas, mas a morte de um homem não tem sentido, não tem nada do que eles chamam de honra, só um pedaço de carne sanguinolento estatelando-se no chão e chorando como um bebê, chamando por sua mamãe, chamando por qualquer um.

Como se eu fosse um fantasma, ninguém tocou em mim, ninguém estava interessado em mim, estavam muito ocupados no momento. A fumaça estava deixando a garganta seca, precisava de uma bebida, uma boa bebida. A taberna não ficava muito longe.

Chegando lá, percebi que as portas estavam escancaradas, tudo deserto, haviam saqueado o lugar, mas ainda existia uma velha garrafa de vinho atrás do balcão, parecia até que estava esperando por mim, parecia que tinha escapado da mão de todos aqueles loucos para se entregar a mim. A dona estava atrás do balcão, morta, sangrando profusamente, passei por cima dela sem a menor cerimônia e peguei a garrafa prometida. Servi-me, vinho cor de sangue em um cálice cristalino, uma coisa bela de se ver. O sol já ia caindo, o que dava aos objetos da taberna um contorno misterioso, a velha mesa à minha frente era magnífica, pura sombra.

A morte rodeava tudo, e eu pensava em minha situação sob uma nova perspectiva. O mundo velho não devia ser lá muito diferente do mundo novo, tanto lá como aqui os homens morrem por nada e sem nada, se fosse diferente, se minha pátria fosse melhor, teria lembrado-me, não importando a artimanha dos meus supostos inimigos, o amor pelo meu lar teria feito as lembranças voltarem.

Talvez eu tenha causado a minha própria amnésia, pois quando não se conhece algo, às vezes esse algo é belo e misterioso, como as sombras, como a incerteza do meu passado. O meu passado poderia ter sido qualquer um, horrível talvez, mas isso não havia modo de confirmar, logo não podia ser afetado por ele. A incerteza do passado é o paraíso, enquanto a incerteza do futuro é o inferno.

E o presente é o exílio, exílio de tudo, exílio de meu país sem nome, e desta colônia perdida, e desta selva de múltiplas cores, e de todos os homens, e das putas mudas e sofridas, e do sol que corrói, e da vida e da morte, e até de mim mesmo. Agora consigo entender, nada sou além de uma sombra, sentado eternamente nesta mesa, a saborear este belo vinho cor de sangue, a escutar passos em minha direção, a rir de orelha a orelha de algo que não sei explicar. Um brinde, portanto, um brinde e vivas ao exílio.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Robin Gibb

Robbin Gibb ( 1949, Douglas - 2012 Londres)
Integrante da banda Bee Gees.

I started a joke...


sábado, 12 de maio de 2012

Coração

Coração...
É um músculo
Que bombeia sangue.
E de galinha é muito bom.
Como mesmo!!!


Marco Nunes & Ricardo Ribeiro

sexta-feira, 4 de maio de 2012

A Dupla Coração do Brasil


  

João Salvador Perez (Tonico)
(São Manoel, 1917 - São Paulo, 1994)

José Perez (Tinoco)
(Pratânia, 1920 - São Paulo, 2012)

"Nessa viola eu canto e gemo de verdade"
"Moreninha linda, do meu bem querer, é triste a saudade longe de você"
"Chora viola e sanfona, chora triste o violão. O que é madeira chora. Que dirá meu coração"
"Eu bem sei que adivinhava quando as vezes eu te chamava de mulher sem coração"
"Viva o baile na roça! Viva a noite de São João. Viva o povo brasileiro conservando a tradição"
"Meu triste sonho é uma mulher. Só penso nela, que não me quer"

"Viola de pinho é bem brasileira, sua melodia atravessou fronteira,
Mostando a beleza pra terra extrangeira do nosso sertão é a mensageira
É o verde amarelo da nossa bandeira"

"Esse é o Brasil caboclo. Esse é o meu sertão"






quinta-feira, 26 de abril de 2012

Os Três Malandros



Bezerra da Silva (Recife, 1927 - Rio de Janeiro, 2005)
Moreira da Silva (Rio de Janeiro, 1902 - Rio de Janeiro 2000)
Dicró (Mesquita, 1946 - Magé, 2012)

http://www.youtube.com/watch?v=HPpu4thU0ug&feature=related




segunda-feira, 23 de abril de 2012

Derby Campineiro

Guarani Futebol Clube (Bugre)
Associação Atlética Ponte Preta (Macaca)

No dia 22 de Abril de 2012 o Bugre, da cidade de Campinas, eliminou a Sociedade Esportiva Palmeiras (Porco) na fase oitavas de final do Campeonato Paulista de Futebol (Paulistão). Nessa mesma fase a Macaca, também de Campinas, eliminou o Sport Club Corinthians Paulista (Timão).

Quis Odin que a semi-final do Paulistão, que pela tradição, força, dinheiro, maiores torcidas fosse substituída. O Derby Paulista (Porco vs Timão) foi substituído pelo Derby Campineiro (Bugre vs Macaca).

A regra do Paulistão desse ano prevê jogo único na semi-final.
Também prevê que em caso de "clássico", para evitar feridos e mortos desnecessariamente, os jogos serão com torcida única.

Nesse caso, o jogo deverá ser no estádio Brinco de Ouro da Princesa uma vez que o Bugre fez melhor campanha na fase classificatória.

Não é todo dia, nem todo ano, que se tem um jogo como esse, com as duas principais e grandes equipes da cidade disputando um jogo tão importante.

É uma tristeza não haver o encontro das torcidas, que proporcionam a grande festa do futebol.

Mas trata-se de uma tristeza necessária...

Há, sim, torcedores de bem, que querem ver um bom jogo/espetáculo e poder levar a família e os amigos aos estádios. Mas também existem vários "torcedores" inconsequentes e desalmados capazes de transformar um ambiente de entretenimento em um ambiente hostil. Tratam-se de gente deturpada e covarde, capazes de levar bombas aos estádios, ferir e matar gente inocente e trabalhadora pelo simples fato de vestirem as cores da equipe rival.

Isso não é um fato isolado ou que ocorra somente no Brasil. Em vários países, ditos civilizado, ocorre esse mesmo tipo de problema entre "torcedores", que transformam um jogo de futebol em um campo de batalha.

Somente o ANIMAL humano para transformar uma coisa bonita como o esporte ou o futebol em motivo de tristeza...

O "ser" humano e sua incrível capacidade de destruir o que é belo...

Desejo um grande espetáculo. Parabéns à cidade de Campinas por colocar duas grandes equipes na semi-final do Paulistão.

Que Odin me proteja de entrar e morrer numa guerra inútil e desnecessária.
Que Odin me livre de ser assassinado de maneira covarde.


sábado, 21 de abril de 2012

Tiradentes


Jesus de Nazaré, também conhecido como o Cristo de Deus.
Esse homem foi enforcado lutando pela liberdade do Brasil.
(Ou do estado de Minas Gerais! sei lá!)



Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes.
Esse homem foi crucificado para salvar a humanidade



Nessa tela de Pedro Américo, que  se encontra no acervo do Museu Mariano Procópio, Juiz de Fora, MG.
Alguém foi esquartejado e exposto em praça pública.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

sexta-feira, 6 de abril de 2012

A Flor do Maracujá


Encontrando-me com um sertanejo,

Perto de um pé de maracujá,

Eu lhe perguntei:

Diga-me caro sertanejo,

Porque razão nasce branca e roxa

A flor do maracujá?

Ah, pois então eu lhi conto,

A estória que ouvi contá,

A razão pro que nasci branca i roxa

A frô do maracujá.

Maracujá já foi branco,

Eu posso inté lhe ajurá,

Mais branco qui caridadi,

Mais brando do que o lua.

Quando a frô brotava nele,

Lá pros cunfim do sertão,

Maracujá parecia,

Um ninho de argodão.

Mais um dia, há muito tempo,

Num méis que inté num mi alembro,

Si foi maio, si foi junho,

Si foi janeiro ou dezembro.

Nosso sinhô Jesus Cristo,

Foi condenado a morrê,

Numa cruis crucificado,

Longe daqui como o quê,

Pregaro cristo a martelo,

E ao vê tamanha crueza,

A natureza inteirinha,

Pois-se a chorá di tristeza.

Chorava us campu,

As foia, as ribeira,

Sabiá tamém chorava,

Nois gaio a laranjeira,

E havia junto da cruis,

Um pé de maracujá,

Carregadinho de frô,

Aos pé de nosso sinhô.

I o sangue de Jesus Cristo,

Sangui pisado de dô,

Nus pé Du maracujá,

Tingia todas as frô

Eis aqui seu moço,

A estória que eu vi contá,

A razão proque nasce branca i roxa

A frô do maracujá.


Do poeta, músico e compositor maranhense, Catulo da Paixão Cearense (1863 - 1946)

quinta-feira, 5 de abril de 2012

A Última Ceia


"Jesus ficou comovido e afirmou: 'Na verdade eu vos digo: um de vós me entregará'. Os discípulos olhavam uns para os outros, sem saber de quem falava. Um deles, a que Jesus amava, estava à mesa ao lado de Jesus. Simão Pedro lhe fez um sinal par que perguntasse de quem estava falando". (Jo 13, 21-24)


L'Ultima Cena
Il Cenacolo
de Leonardo da Vinci (1452-1519)

domingo, 1 de abril de 2012

Sprint Final


O tempo quaresma do cristianismo católico se encerra com o Domingo de Ramos, que por sua vez inicia a Semana Santa.

A Semana Santa pode ser considerada a reta final desse longo período de reflexão baseado em três atos de piedade: oração, jejum e caridade.

O caminho para a perfeição é longo, utópico e até inalcançável...

Para o nosso bem, de amigos, familiares e até de desconhecidos, podemos com paciência, humildade e compreensão nos esforçar para nos tornarmos a cada dia melhores pais, filhos, amigos, profissionais, cidadãos.

Há muitos obstáculos nessa corrida, mas auxiliados pelos atos de piedade conseguiremos ultrapassar a linha de chegada.

Para aqueles que não conseguiram entregar-se de corpo e alma nesse período próprio e propício para o crescimento e amadurecimento espiritual, nada está perdido. A Semana Santa é a reta final. É a hora de com muita humildade, paciência e compreensão, auxiliado pelos atos de piedade encher o pulmão de ar/espírito e em uma explosão permanente dar aquele sprint final.

Não há primeiros nem últimos nessa corrida. O importante é que a complete de maneira honrada e gloriosa. A força para terminar esse longo trajeto vem do Céu.


quinta-feira, 22 de março de 2012

Filha da Lua e da Natureza


A noite cai serena no sertão.
Tudo mansamente se silencia.
O rei Sol cede lugar à escuridão.
Levanta-se ostentosa lua cheia, a rainha.

A noite é regida pela Lua
Que ilumina o escuro céu.
As estrelas, damas suas,
Enfeitam seu negro véu.

Iluminada por sua claridade,
A dama do céu rege a Natureza
Que com muita humildade
Curva-se à sua realeza.

O riacho corre por cima da terra.
O vento suspira por entre a mata.
Sob esse reino fica minha fazenda.
Dessa fazenda faço minha morada.

Morada que ficou vazia,
Morada onde reside a saudade.
Depois de sua partida
Nunca mais houve felicidade.

Os dias são tristes.
Triste é a vivência.
Tristeza que só existe
Por causa da sua ausência.

A rainha acompanhava minha tristeza
E apiedou-se dessa humildade.
Ordenou á sua serva, a natureza
Que a esse pobre consolasse.

A luz da Lua iluminava o riachinho.
O vento circulava por cima.
De lama e água foi emergindo
Em forma de mulher, uma caboclinha.

Moldado pela mansidão do vento,
O corpo formado de água e terra
Cuidadosamente esculpido vai sendo
Numa bela e delicada morena.

Seus longos e belos cabelos
São formados pelo véu lunar
Como o céu, noturno e negro,
É realçado pelo brilho estelar.

Seus castanhos olhos de profunda pureza
Que cora toda a beleza que é sua.
Reflete toda a grandeza da Natureza.
Reflete toda a realeza da Lua.

Seu vestido, formado por sedosas folhas
Foi ricamente adornado por lindas flores
Especialmente para a mais bela moça
A harmonia natural em diversas cores.

Essa graciosa senhorita
Filha da Lua e da Natureza
Veio devolver-me a alegria
E me fez esquecer a tristeza.

Lua, minha rainha
Concedeste-me uma bela princesa.
Honrarei cada dia
Abençoado pela Natureza.

domingo, 18 de março de 2012

Atos de Piedade


Três são os atos de piedade na tradição judaica.

A Oração, a Esmola e o Jejum.

O Cristianismo católico, que tem sua raízes nas tradições e no povo judaico aconselha seus fiéis a cumprirem esses três atos, principalmente no Tempo da Quaresma.

A Oração é o encontro e o diálogo do indivíduo com Deus. Tem um caráter de elevação espiritual. É quando o fiel conversa e se submete ao seu Criador reconhecendo suas fraquezas e suas necessidades e pedindo forças e orientação.

O Jejum/Penitência é a abstenção de algum alimento ou algum ato penitente que visa o conhecimento e o domínio do próprio corpo e de seus vícios e suas paixões. É o encontro do indivíduo consigo mesmo. O auto-controle. A força de vontade. No Islamismo, durante o mês de Ramadã, os muçulmanos jejuam, com o objetivo de se aproximarem espiritualmente dos irmãos que não tem com o que saciar a fome. Não se trata de economia, mas sim de partilha

A Esmola/Caridade é o encontro do indivíduo com o próximo/irmão. O indivíduo se entende como parte pertencente da grande família universal e compreende que o que tem não é somente mérito seu, mas uma dádiva de Deus e que por isso deve ser compartilhada.
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O objetivo do tempo quaresmal é que haja uma renovação para que se possa celebrar purificadamente e puramente a festa da Ressurreição, a Páscoa.

Caso os três atos não resultem em uma renovação espiritual, que impulsiona/causa uma nova maneira de agir e pensar, não em benefício próprio, mas sim em benefício da vida e da paz; caso não resulte nisso, esses três atos não passarão de mera formalidade ritualística e vazia.

Sugestão de leitura: Mt 6, 1-8.16-18


sexta-feira, 16 de março de 2012

Todo Cambia [4]


Todo Cambia - Indivíduo.



A mudança é condição natural da vida. O mundo se transforma, o universo se transforma. Surgem e morrem estrelas! Surgem e desaparecem planetas.

Tudo está em movimento. O universo é dinâmico.

Nascemos. Bebês. Sem força, sem coordenação, sem pensamento organizado. Apenas um arcaico e incompleto instinto de sobrevivência.


Conforme crescemos nossos corpos e nossas mentes vão se modificando.
O corpo se completa. Os órgãos se desenvolvem para cumprirem suas respectivas funções.

O corpo humano é exposto a diversas experiências durante sua breve existência.

Conforme os vários fatores que influenciam as experiências humanas o ser humano vai formando/constituindo/completando/confirmando/desenvolvendo sua personalidade, suas opiniões, seus atos, seus pensamentos.

Assim como a morte é uma certeza para o ser humano, a mudança/transformação das coisas é natural no universo.

O universo, que é infinito, se transforma constantemente.
Os mundo, que são finitos, mas têm uma "vida" muito longa, transformam-se, de maneira lenta.


O ser humano, que tem a existência muito breve, assim como o universo, se transforma/modifica de maneira relativamente rápida.

Não só de maneira física, mas também de maneira intelectual.

O ser humano constantemente revê conceitos e opiniões. O que defendia ferrenhamente no passado já perde valor em outro tempo. As experiências moldam pensamentos, opiniões, conceitos e atitudes dos seres humanos.

A grande verdade do passado pode não passar de uma piada no momento presente.

O ser humano, que está inserido num ambiente dinâmico e vive diversas e intensivas experiências em sua breve vida estará sempre em constante transformação e com o passar do tempo, as experiências e a maturidade estará sempre num processo de construção, destruição e reconstrução/renovação.

sábado, 10 de março de 2012

Racismo, Xenofobia e União Européia

A União Européia (UE) passa por uma grave crise econômica. Nesse momento procura-se um causador/culpado por essa crise.

Começam a se levantar partidos de ideologia ultra-nacionalista europeu e fundamentalistas cristãos que acusam como causadores da crise os imigrantes (africanos, latino-americanos, asiáticos) e incentivam ações racistas e xenófobas.

racismo: crença na existência de raças humanas e na diferença e superioridade/inferioridade entre elas.

xenofobia: aversão/antipatia a estrangeiros.

Como lugar avançado tecnologicamente e histórico/atual centro comercial, financeiro e cultural a Europa atrai pessoas do mundo inteiro, que transformam esse continente em sua morada, carregando consigo suas culturas.
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A UE fez uma campanha contra o racismo e a xenofobia.


Essa campanha não foi bem recebida pelos diversos grupos nela representados. Eles consideram a campanha extremamente ofensiva, pois nela eles são retratados como agressores, além de afirmar a força européia (na multiplicação da mulher) e pelo desaparecimento/sumiço dos outros povos.
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Particularmente, não considerei a propaganda ofensiva.

Ao aparecerem os povos de forma hostil, é retratado a maneira como o europeu ultra-nacionalista ou fundamentalista cristão veem os outros povos, com medo de que eles estão lá para fazê-los mal e roubar-lhes os empregos.

A mulher respira (serenidade talvez), se multiplica (eles estão na Europa, a quantidade de europeus seria/é maior que a dos outros povos). Todos se põe em posição de meditação, as europeias por fora e os estrangeiros no centro do círculo (estariam todos numa mesma vibração espiritual talvez).

Forma-se a bandeira da UE, cada mulher vira uma estrela (país) e os estrangeiros desaparecem simbolizando que eles foram abraçados/incorporados à UE. Os críticos veem nessa parte o cerco e a destruição dos estrangeiros.

( ) "Quantos mais (europeus) formos, mais forte somos".

(X) "Quantos mais (povos) formos, mais fortes somos".

quinta-feira, 8 de março de 2012

segunda-feira, 5 de março de 2012

Chuva


Caminhando debaixo de chuva

Sem preocupação nenhuma.

Meus negros cabelos molhados.

A chuva escorrendo pelo meu corpo.

A água que cai sobre meu olho

E corre por meus pés descalços.


A terra se molha,

A lama se forma,

Enquanto a chuva, serena, cai.

As árvores balançam

Suas folhas, pelo vento, dançam

E longe, o pensamento vai.


Pensamentos sobre a vida.

Sobre idas, vindas e partidas.

Sobre o humano e o Divino.

Toda a obra da Criação.

Carregando na mente e no coração

Familiares, desavenças e amigos.


A chuva acalma as ânsias do corpo.

A mente entra em tranqüilo repouso.

Acalma-se também, o coração.

A chuva cai, e se eleva o espírito.

Nesse caminho vou seguindo;

A meditação se torna, também, uma oração.