O texto a seguir é a exposição de um dos temas mais importantes da filosofia de Nietzsche: O
Eterno Retorno, em uma de suas várias interpretações argumenta o fato de que a História (que aqui não se trata da temporal) se repete em todas as suas Eras com um número limitado de fatores, como Guerras e Epidemias, por exemplo. Não importa quanto à história caminha, os acontecimentos seguem uma corrente cíclica, isso também vale para os sentimentos que movem as pessoas a seguir com suas vidas. Trata-se em algum posto de vista de tratar a realidade não como múltipla, mas única. Além de trazer várias indagações para as emoções humanas.
O texto foi retirado da obra A Gaia Ciência(1882) - aforismo 56:
E se um dia ou uma noite um demônio se esgueirasse em tua mais solitária solidão e te dissesse: "Esta vida, assim como tu vives agora e como a viveste, terás de vivê-la ainda uma vez e ainda inúmeras vezes: e não haverá nela nada de novo, cada dor e cada prazer e cada pensamento e suspiro e tudo o que há de indivisivelmente pequeno e de grande em tua vida há de te retornar, e tudo na mesma ordem e sequência - e do mesmo modo esta aranha e este luar entre as árvores, e do mesmo modo este instante e eu próprio. A eterna ampulheta da existência será sempre virada outra vez - e tu com ela, poeirinha da poeira!". Não te lançarias ao chão e rangerias os dentes e amaldiçoarias o demônio que te falasses assim? Ou viveste alguma vez um instante descomunal, em que lhe responderías: "Tu és um deus e nunca ouvi nada mais divino!" Se esse pensamento adquirisse poder sobre ti, assim como tu és, ele te transformaria e talvez te triturasse: a pergunta diante de tudo e de cada coisa: "Quero isto ainda uma vez e inúmeras vezes?" pesaria como o mais pesado dos pesos sobre o teu agir! Ou, então, como terias de ficar de bem contigo e mesmo com a vida, para não desejar nada mais do que essa última, eterna confirmação e chancela?"
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