Bezerra da Silva (Recife, 1927 - Rio de Janeiro, 2005)
Moreira da Silva (Rio de Janeiro, 1902 - Rio de Janeiro 2000)
Dicró (Mesquita, 1946 - Magé, 2012)
http://www.youtube.com/watch?v=HPpu4thU0ug&feature=related
Encontrando-me com um sertanejo,
Perto de um pé de maracujá,
Eu lhe perguntei:
Diga-me caro sertanejo,
Porque razão nasce branca e roxa
A flor do maracujá?
Ah, pois então eu lhi conto,
A estória que ouvi contá,
A razão pro que nasci branca i roxa
A frô do maracujá.
Maracujá já foi branco,
Eu posso inté lhe ajurá,
Mais branco qui caridadi,
Mais brando do que o lua.
Quando a frô brotava nele,
Lá pros cunfim do sertão,
Maracujá parecia,
Um ninho de argodão.
Mais um dia, há muito tempo,
Num méis que inté num mi alembro,
Si foi maio, si foi junho,
Si foi janeiro ou dezembro.
Nosso sinhô Jesus Cristo,
Foi condenado a morrê,
Numa cruis crucificado,
Longe daqui como o quê,
Pregaro cristo a martelo,
E ao vê tamanha crueza,
A natureza inteirinha,
Pois-se a chorá di tristeza.
Chorava us campu,
As foia, as ribeira,
Sabiá tamém chorava,
Nois gaio a laranjeira,
E havia junto da cruis,
Um pé de maracujá,
Carregadinho de frô,
Aos pé de nosso sinhô.
I o sangue de Jesus Cristo,
Sangui pisado de dô,
Nus pé Du maracujá,
Tingia todas as frô
Eis aqui seu moço,
A estória que eu vi contá,
A razão proque nasce branca i roxa
A frô do maracujá.